Bem no coração do Alto Alentejo, a vila de Fronteira tem lugar cimeiro na história nacional. O vasto património que se pode encontrar naquela localidade conta episódios fundamentais para a construção da nação, mas as suas raízes são anteriores aos reinados portugueses.
Os vestígios de ocupação humana na área correspondente ao atual município de Fronteira remontam a mais de 10 mil anos de história, com diversos monumentos megalíticos, entre eles cerca de 30 antas e os dólmenes da Necrópole Megalítica da Herdade Grande ou as rochas gravadas da Herdade dos Pintos.
Reza a lenda que a vila de Fronteira terá sido primitivamente edificada no outeiro denominado “da vila velha”, onde é tradição ter existido uma atalaia nos tempos dos romanos. A fundação da Vila de Fronteira é atribuída ao Rei D. Dinis que aqui construiu o Castelo, do qual restam hoje em dia algumas ruínas.
Bem próximo de Fronteira, ainda no concelho, está situado o lugar de Atoleiros, onde, em 1384, as forças castelhanas foram derrotadas pelo exército comandado por D. Nuno Álvares Pereira, num dos episódios decisivos para a manutenção da independência portuguesa durante a chamada crise de 1383-1385.
Depois de séculos em que integrou apenas as freguesias de Nossa Senhora da Atalaia de Fronteira e de São Saturnino, ao longo do século XIX o concelho de Fronteira contou com múltiplas alterações, integrou freguesias dos concelhos de Estremoz, de Monforte e de Sousel, com significativas mudanças sucessivas e que incluíram ainda a extinção do próprio concelho de Fronteira (em 1867), integrado no de Alter do Chão, mas logo restaurado (1868).
Em 1855 foram extintos os concelhos de Veiros e Sousel, anexando as suas freguesias ao de Fronteira, que desse modo passou a compreender, para além das freguesias de Nossa Senhora da Atalaia e de São Saturnino, as freguesias de São Bento de Ana Loura, Santo Aleixo, São Pedro de Almuro, Rei Salvador, Santo Amaro, Nossa Senhora da Graça de Casa Branca, Nossa Senhora da Graça de Cano, Nossa Senhora da Graça de Sousel e São João da Ribeira.
Em 1863 é restaurado o concelho de Sousel. Depois em 1869 é desanexada a freguesia de São Bento de Ana Loura e em 1871 a de Santo Aleixo, em 1872 foram desanexadas as freguesias de Rei Salvador e São Pedro de Almuro, voltando Fronteira a conter apenas as suas freguesias primitiva de Nossa Senhora da Atalaia e de São Saturnino, acrescidas da de Santo Amaro.
Depois Fronteira vem ainda a receber as freguesias de Vaiamonte e novamente São Pedro de Almuro que voltam a ser desanexada em 1898 para integrar o concelho de Monforte.
Finalmente já em pleno século XX, por decreto de 21 de Dezembro de 1932, Santo Amaro passa a integrar o concelho de Sousel e o de Fronteira integra a freguesia de Nossa Senhora das Candeias, antigo concelho de Cabeço de Vide extinto em 1855 e então integrado no de Alter do Chão.
Em Fronteira existem vários monumentos dignos de registo como a bonita igreja Matriz de 1594, ou as Igrejas do Espírito Santo (datada de 1573) e do Senhor dos Mártires (século XVIII), a Capela de Nossa Senhora da Vila Velha, o bonito edifício dos Paços do Concelho, o pelourinho ou mesmo a estação de caminhos-de-ferro com bonitos painéis de azulejos com cenas da vida rural.
Em Fronteira encontram-se também, por entre o casario branco de coloridas faixas, moradias senhoriais do século XVIII, mostrando as riquezas agrícolas da região.
A natureza circundante é generosa, possibilitando bonitas paisagens, como na Praia Fluvial da Ribeira Grande, oferecendo variadas atividades desportivas e de lazer a todos os visitantes.
Fronteira faz ainda do seu artesanato um motivo de orgulho, executando técnicas já ancestrais, com trabalhos em cortiça, tecelagem e bordados, chifre, e a colorida pintura e decoração alentejana em madeira e cerâmica.
Texto de PEDRO GALEGO LINK -> HTTP://WWW.REGISTO.COM.PT/CULTURA/FRONTEIRA-TERRITORIO-PALCO-DE-EPISODIOS-DE-HISTORIA/
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